amargurado

Um dia desse, eu estava sentada em uma rua silenciosa,  o céu estava escuro,sem estrelas e eu estava um pouco perdida com meus pensamentos. E então eu retirei meu olhar do chão, me deparei com um homem. A cor de sua pele estava um pouco russa, ele era baixo, sujo, estranho e trazia em suas maos, que aparentemente parecia ser  a parte mais suja de todo seu corpo, algumas latas de aço , aquelas de refrigerante . Seu rosto naquele momento me transmitiu um sorriso astuto, e ele me  parecia mais com esses carinhas que passam perto de você pedindo ajuda, e gasta o dinheiro com algumas "pequenininhas" por aí .. Mas nao sei porque, seu semblante me transmitia uma tristeza escondida. Ele  precisava de um pouco de fogo, e então ele sentou no meio fio da calçada e retirou do bolso alguns objetos, dentre eles uma tesoura, e  acendeu respectivamente uma especie de substancia que estava embrulhada em um pedaço de folha velha de caderno , e começou ingerir aquela fumaça, de cheiro ruim, enquanto começava cortar uma das latas.Passaram-se duas ou três pessoas por ali , que o olharam intimadamente , uma dessas pessoas, disse algo para ele, algo que eu nao entendi muito bem, mas eu consegui escutar sua voz baixa, desanimada e cançada que disse " ter mãe é muito bom rapaz " , e nesse momento eu pensei em minha mãe, e me perdir em tantos pensamentos, que  depois de alguns segundos, onde eu ja sentia minhas palpebras estremecerem,  voltei a olha-lo, e  imaginei que certamente, ele nao tivesse mais a sua mãe. Ele sentia falta disso .  Eu quis ir até ele, para saber o que ele pensava sobre a vida ..  eu queria que ele me desse uma definição do seu ponto de vista , mas imaginei que seria perca de tempo, eu já tinha algumas conclusões em minha cabeça, sobre a resposta que aquele homem poderia me dizer.
Começou a chover. Uma chuva fina e fria , eu me levantei e fui andando em direção à minha casa, enquanto aquele homem continuou lá, sentado ao meio fio, cortando suas latas, embaixo daquela chuva que ficava mais intensa a cada passo meu.
Esse fato, me fez pensar em tanta coisa .. especificamente, na desigualdade social. Enquanto uns naquele momento, estavam deitados em suas camas, embaixo de um edredon, tomando chocolate quente, e assistindo a tv asssinada, aquele homem estava embaixo daquela chuva, cortando latinhas para sair vendendo seja lá o que for que ele fosse criar com aquilo ... Nós não conhecemos a vida de ninguem, nós não temos o dom de olhar para uma pessoa , ler sua aurea, e saber tudo sobre a vida dela, e justamente por isso não podemos julgar as pessoas. Eu acho que o mundo necessita de um pouco mais de carinho, de palavras sinceras, de um pouco mais de amor, cumplicidade, respeito e sorrisos verdadeiros.  Eu nao escrevi esse texto a fim de reclamar, ou protestar ,  tão pouco por querer me mostrar uma garota boazinha . Eu senti que devia escrever sobre isso , porque certas coisas que vemos durante a nossa vida, suurpreende . Surpreende  e  mobiliza . E eu me senti assim , apenas isso .

                                                                                                                        Lorena Alves

3 comentários:

  1. Ale disse...:

    Menina,


    Que essa introspecção seja apenas para que possas descobrir mil novos caminhos em 2012,


    Paz e amor,

  1. Lá estão eles, sob o gozo e as marquises, a gente vê e finge, e eles estão lá, por quê?

    como já dizia cazuza: nós somos cobaias de deus...

  1. Anônimo disse...:

    Passando para avisar que retornei a blogosfera, estive longe algumas semanas. Mas voltei! E vim apreciar essa arte de escrever que por aqui encontro!
    Bjos e excelente dia!

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